Não conheço nenhuma estatística, não vi nenhuma pesquisa, e o que eu
observo talvez não seja válido como dado confiável, mas me parece
que a maioria dos brasileiros que vivem na Holanda é composta por
mulheres.
Parece que os holandeses chegaram à mes conclusão que eu:
Mulher, em si mesma, é uma encrenca:
TPM, sensibilidade exagerada, lógica
venusiana pra compreensão marciana dos homens.
E quem vai querer uma mulher holandesa, já que se além de todas
estas encrencas intrínsecas, ainda não rola o mingau. E eu não estou
me referindo à papinha de aveia com leite, mas sim às atividades
sexuais, numa maneira irônica.
E muitos deles, com a ajuda da internet, descobriram o que o Brasil
tem de melhor: "mulé".
Sim, elas têm TPM, aquela lógica que só elas entendem, aquela
sensibilidade exacerbada, aquelas perguntas onde toda resposta é
equivocada, mas pelo menos, elas são carinhosas, sensuais, sexuais,
queridas, companheiras e eu poderia enumerar aqui uma longa série de
bons adjetivos.
Muitas desses brasileiras deixam os trópicos com uma mala cheia de
sonhos, querendo construir nas terras baixas seus mais altos sonhos.
Junto com a roupa, com as inúteis essencialidades, trazem, muitas
vezes escondida, uma saudade que vai se manifestar mais tarde.
Todas têm seus destinos a cumprir, algumas vão ser mães, outras
professoras, médicas, e assim vai, dependendo da aptidão e do
mercado de trabalho, mas a maioria parece seguir um mesmo caminho:
engordar.
O que antes no Brasil era um corpinho de sereia, hoje parece uma
campanha de preservação das baleias. O que antes relembrava o
caminhar de gazela, hoje remete aos movimento dos paquidermes. Ela
antes possuía uma cintura de pilão, hoje é garota propaganda da
fábrica de pneus.
Nos encontros com as brasileiras, reina a abundância.
Por experiência própria, eu sei que o casamento engorda. Quando
solteiros, qualquer sanduíche nos satisfaz, mas casados, sempre há
um jantar ou almoço, e quase sempre, a refeição celebra a união. E
quando a comida serve pra algo mais do que provir de "sustança", é
aí que vem o engorde.
Da mesma forma na depressão e tristeza. Parece que queremos tapar o
buraco da alma abrindo a boca e nos entupindo de alimentos.
Ou seria culpa dos belgas e seus chocolates, dos holandeses e seus
queijos e toda esta variedade de novas guloseimas que encontramos
pela frente?
Fico tecendo imagens de mulheres ansiosas na frente do espelho, num
mundo onde a mídia, que apesar de ser pesada e gorda, prega que o
modelo ideal é o magro, ou talvez, o anoréxico.
Este modelo que certamente não foi criado por homens que gostam de
mulheres, mas sim por viados atrás das passarelas, e é razão de
muita luta quixotesca na frente do espelho, vendo o inimigo tomar o
território com estrias, celulites, culotes e outros tópicos do
sofrimento feminino que eu não sei nomear.
Se o peso e a gordura não forem exageradas e maléficos à saúde, não
acho que um pouquinho de extra seja causa de desespero.
Além de toda a luta contra o mau clima, a língua, o mercado de
trabalho, a cultura, essas meninas ainda têm que lutar contra o
inimigo interno.
Em boca fechada não entra chocolate.
Só essa magricela aí não engorda, mas vejam só que carinha de feliz. Tristeza engorda.
Pra manter uma carinha feliz assim é preciso muita mandioca.