Finalmente Rogério pode sentar-se ao lado de Zenilde e puxar conversa.
Era tarde da noite, só a luz florescente no teto do ônibus iluminava o encontro.
Lá fora, a escuridão da noite.
O ônibus estava vazio, sendo que ele não precisou falar muito baixo que há muito tempo a percebia nas filas do ponto, passando na catraca e saltando, lânguida e apressada.
Zenilde pra disfarçar, apertou a campanhia e saltou do latão, novamente lânguida e apressada.
Rogério ainda perguntou se o seu ponto era mesmo ali.
Ela respondeu que precisaria passar na casa da sua tia Zoraide pra apanhar uma lata de azeitonas que seu tio havia trazido da Argentina pra ela.
- Precisa de ajuda?, ainda insistiu Rogério. Mas ela recusou: Uma lata de azeitonas, carrego eu sozinha.
A frustação foi tanta que ele ficou com aquela frase ressoando dentro do seu cérebro.
Nunca pensou que seria trocado azeitonas.
Foi encontrado dois dias depois, numa vala na beira da estrada, abraçado a uma lata de azeitonas.
Estava escrito em seu peito, em cortes sangrentos: Azeitonilde, eu te amo sua vaca.
Mais tarde foi descoberto que ele mesmo é que escreveu, usando o abridor de lata.
Depois disso, cortou os pulsos com a tampa e deixou-se sangrar até morrer, repetindo o nome dela: Zenilde, Zenilde ...